Wednesday, August 02, 2006


Memórias De Um Gigolô

Dentre os gêneros e períodos históricos do cinema brasileiro um dos menos compreendidos e estudados e mais subestimados é o da pornochanchada. No final dos anos 60 a comédia erótica, de origens italianas, começa a ser incorporada ao cinema brasileiro, pelo execelente filão de público que poderia representar, em uma época na qual nem por decreto uma mulher nua poderia aparecer na televisão. filmes de sexo-explícito também não existiam no circutio comercial mas, para os padrões da época o erotismo, que ao longo dos anos 70 aumentou geometricamente até chegar ao filme pornográfico de fato em 1982, era mais do que o suficiente para chamar multidões aos cinemas. "Memórias De Um Gigolô"(1970), de Alberto Pieralisi, diretor de origem italiana e que inclusive filmou na Europa antes de vir para o Brasil e que já possuía um amplo currículo de comédias antes de dirigir este filme. Baseado em romance de Marcos Rey, com sua ação transposta da São-Paulo dos anos 20 para o Rio de Janeiro dos anos 70 , de forma às vezes muito caricata pela direção de arte, é um exemplar que reúne todos os predicados do gênero: uma atriz de formas, digamos, interessantes, no caso Rossana Ghessa, uma superestrela do gênero, que vai aperecer nua em várias cenas; situações cômicas satirizando costumes, geralmente da classe-média (aqui são exemplares as situações envolvendo o uso de maconha e os ridículos clubes-sociais de final-de-semana, moda na época) e atores que, além de algum talento cômico, também chamassem público, até mesmo feminino, aos cinemas. Aqui temos dois nomes como Jece Valadão, um gênio e Claudio Cavalcanti, mais conhecido do público contemporâneo como ator de novelas da Globo. Exibido na sessão "Intercine Brasil" da Rede Globo, no horário bizarro de duas da manhã (é um absurdo o horário em que nosso filmes são exibidos pelas emissoras de TV), "Memórias de Um Gigolô" é um filme que precisa ser revisto por olhares menos preconceituosos.

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