Thursday, August 03, 2006




Os Grandes Clássicos do Nosso Cinema - Terra em Transe (1967)- Glauber Rocha

Terra em Transe corresponde a uma segunda fase do movimento cinemanovista, posterior ao golep militar de 1964, que provocou uma profunda desilusão nos meios cinematográficos ligados ao Cinema Novo, evidenciando o fracasso de um cinema e de outras propostas artísticas que buscavam o esclarecimento do povo para uma tomada de consciência e que, por vários motivos, não obtiveram sucesso. Glauber no fundo desconfiava um pouco disso, ao menos da proposta didática de arte que o CPC, ligado à UNE, propunha. "Deus e o Diabo Na Terra Do Sol" (1964), já é um filme descrente de uma solução para o Brasil que não se dê pela via da violência e tem como personagem marcante (Antônio das Mortes) um símbolo da classe-média esquizofrênica brasileira, que, em sua maioria, acabaria apoiando o golpe de 1964. Resta então a violência como um caminho possível. Três anos depois, em Terra em Transe, nem a violência mais dá resultados, o poeta Paulo Martins (um alter-ego de Glauber) acaba morto ao tentar enfrentar as forças armadas golpistas. A saída agora é somente a loucura, o Brasil é algo incompreensível mediante uma aproximação racional, somente mergulhando no caos brasileiro, nos deixando contagiar por esse caos (Artaud) podemos entender o Brasil.
Neste filme Glauber bate na esquerda populista, na direita, nos militantes estudantis, enfim, tudo é alvo para a crítica barroca do filme ao nosso país. A recepção da crítica à época foi dividida, muitos que haviam gostado de Deus e o Diabo... detestarm Terra em Transe, seu caos e a maneira como ele jogava a loucura e a impossibilidade brasileira nas nossas caras. Hoje o filme foi relançado em DVD com uma excelente restauração digital das imagens e um disco só com extras, como o documentário curta-metragem "Maranhão 66". Como filme-resposta ao golpe de 64 Terra em Transe é o grande momento do Cinema Novo e, também, seu final.

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