Saturday, August 19, 2006


Toda Donzela Tem Um Pai Que É Uma Fera (1966)- Roberto Farias

Enquanto os cinemanovistas procuravam fazer um cinema que unisse experimentação e sofisticação estética, sendo muitas vezes bem-sucedidos, havia no Brasil daquela época, como já citamos aqui neste blog, outras correntes de cinema. Roberto Farias, diretor que já havia obtido extraordinário sucesso de bilheteria com "Assalto ao Trem Pagador" (1961), entre outros filmes, seguia investindo em um cinema de natureza popular. Neset exemplar Roberto se vale do texto de uma peça de enorme sucesso nos teatros cariocas, escrita por Glaucio Gil e realiza um filme que, se não possui qualidades especiais no que concerne à linguagem do cinema (apesar da genial citação ao cinema-novo japonês quando Roberto congela um "frame"no meio do meio do movimento de um plano) é o perfeito protótipo do que seria a pornochanchada carioca que explodiria nos anos 70, juntamente com seu primo-irmão, o cinema erótico da boca-do-lixo. Quase todos os elementos das pornochanchadas, que tem como base a comédia de costumes, surgida a partir de situações tabus dentro do comportamento da classe-média (aqui a questão da liberdade sexual dos anos 60 oposta ao modelo tradicional do casamento dá origem às situações cômicas do filme) estão presentes no filme. Faltam apenas as cenas de nudez, que aqui ficam apenas sugeridas e que seriam exploradas dignamente nos anos 70. Uma pena apenas o filme ter um desfecho moralista o que, alías, não seria uma regra desse tipo de filme, principalmente nos da Boca-do-Lixo. A fotografia é do grande Ricardo Aronovich e temos John Herbert, que seria um dos astros do gênero, brilhante como "o libertino".

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