Ganga Bruta (1933)- Humberto Mauro
Se existe um filme no Brasil ao qual podemos colocar a alcunha de "clássico" essedfilme é "Ganga-Bruta". Revisto pelo blog recentemente em uma cópia excelente o filme não perdeu nada da aura que Glauber Rocha lhe deu ao escrever "Revisão Crítica do Cinema Brasileiro". Mas naqueles idos dos anos 30 este filme foi absolutamente incompreendido e um tremendo fracasso da Cinédia, o que acabou causando brigas séria e o rompimento entre Adhemar Gonzaga e Mauro. A partir dos anos 50 o filme foi recuprando seu prestígio e, com a elevação por Glauber de Mauro a patriarca do cinema brasileiro o filme encontrou seu panteão de clássico que mantém até hoje. Algumas coisas soltam aos olhos imediatamente ao assistirmos ao filme. A primeira são as angulaçõess fantásticas de câmera que Mauro imaginou para o filme, como nas cenas passadas na construção da cidade do iterior ou a perseguição que o protogonista do filme, o misto de galã e sociopata Dr. Marcos empreende ao seu amor do interior, Sônia, sequência inspirada em um filme de King Vidor, um ídolo para Adhemar Gonzaga, La Bohéme. O filme também foi uma sdas primeiras produções brasileiras faladas, pelo antigo sistema Vitaphone, apesar da maior parte do filme ser mudo, causando um interessante constraste que o filme alimenta entre realismo e expressionismo. Nas cenas de briga no bar, impressionantemente montadas, vemos uma mistura de humor e ação que seria uma marca registrada de John Ford. E como esquecer o gárgula Luiz Villar, bizarro uso de uma máscara pelo cinema, figura que nos remete aos melodramas de Victor Hugo? Como o nome indica, "Ganga-Bruta" é um cinema físico, absolutamente orgânico, de movimento, de certa forma bruto mas que consegue cristalizar uma enorme visulaidade-cinematográfica. Sob outro prisma, Glauber faria o mesmo em "Deus e o Diabo Na Terra do Sol."