PROIBIDO PROIIBIR- JORGE DÚRAN- 2007
Uma característica, triste, do cinema brasileiro é que as condições econômicas de sua produção às vezes impões longos exílios a seus realizadores. Joge Dúran, chileno radicado no Brasil, havia dirigido seu último filme há mais de 20 anos "A Cor do Seu Destino"(1986) mantendo, em paralelo, uma prolífica carreira de roteirista "Pixote, a Lei do Mais Fraco" (1981), "A Maldição do Sampaku" (1991), "Como Nascem os Anjos" (1996) etc. Agora ele retorna com um filme ímpar sobre a juventude brasileira, um filme que não pretende ser tese sociológica e nem investigação da condição econômica e política de nossa juventude e sim, antes de tudo, cinema. E, sendo cinema, consegue com sucesso realizar todos aqueles propósitos acima descritos sem que o espectador, a princípio, se aperceba disso. Assim deve sempre um filme operar, ele será político se sua forma conseguir tocar o espectador em conjunto com seu conteúdo produzindo no espectador uma forma de afetação que é diferente daquela de um livro, de um jornal, de uma tese. Que é própria da arte.
O tema do triângulo amoroso entre amigos no cinema logo nos remete a "Jules & Jim", que , acredito, deva ser uma referência cara a Durán. Mas aqui não temos a trsiteza européia e francesa do filme de Truffaut, aliás um dos cineastas mais melancólicos do cinema-moderno. Em "Proibido Proibir" não há lugar para uma trsiteza "existencialista". Há muito o que fazer, muito o que construir, mesmo para o, aparentemente, cínico e hedonista estudante de medicina interpretado por Caio Blat. Aos poucos ele vai sendo atravessado pelas pessoas com quem convive no filme (em especial uma paciente que sofre de leucemia e que será o centro da trama "social" do filme) assim como somos atravessados pelo filme. O percurso dos três amigos, Alexandre Rodrigues, Maria Flor e Caio Blat os conduz a dois caminhos inicialmennte paralelos que irão se atravessar no final do filme: um amor "proibido" que nasce entre a namorada de Alexandre e o médico e a busca pela salvação de um dos filhos da paciente de Caio, o que os leva a penetrar no universo incômodo de nossas periferias e seus esquemas de poder paralelos. Ambos os processo são dolorosos e complicados, talvez além das possibilidades que esses jovens possuem, ilhados numa cidade que abandonou o progresso modernista, projeto falido (não à toa o filme tem a visita de Maria Flor ao prédio do MEC, projeto de Niemeyer, Le Corbusier e outros arquitetos importantes dentro do movimento modernista e termina com as ruínas de um projeto de Niemeyer na Rio-Petrópolis). Ilhados então num mundo além de suas forças o que permite a eles seguirem seu caminho é o amor, assim como o cinema às vezes nos ajuda a seguir os nossos caminhos, se tiver amor à vida e ao própio cinema.
Uma característica, triste, do cinema brasileiro é que as condições econômicas de sua produção às vezes impões longos exílios a seus realizadores. Joge Dúran, chileno radicado no Brasil, havia dirigido seu último filme há mais de 20 anos "A Cor do Seu Destino"(1986) mantendo, em paralelo, uma prolífica carreira de roteirista "Pixote, a Lei do Mais Fraco" (1981), "A Maldição do Sampaku" (1991), "Como Nascem os Anjos" (1996) etc. Agora ele retorna com um filme ímpar sobre a juventude brasileira, um filme que não pretende ser tese sociológica e nem investigação da condição econômica e política de nossa juventude e sim, antes de tudo, cinema. E, sendo cinema, consegue com sucesso realizar todos aqueles propósitos acima descritos sem que o espectador, a princípio, se aperceba disso. Assim deve sempre um filme operar, ele será político se sua forma conseguir tocar o espectador em conjunto com seu conteúdo produzindo no espectador uma forma de afetação que é diferente daquela de um livro, de um jornal, de uma tese. Que é própria da arte.
O tema do triângulo amoroso entre amigos no cinema logo nos remete a "Jules & Jim", que , acredito, deva ser uma referência cara a Durán. Mas aqui não temos a trsiteza européia e francesa do filme de Truffaut, aliás um dos cineastas mais melancólicos do cinema-moderno. Em "Proibido Proibir" não há lugar para uma trsiteza "existencialista". Há muito o que fazer, muito o que construir, mesmo para o, aparentemente, cínico e hedonista estudante de medicina interpretado por Caio Blat. Aos poucos ele vai sendo atravessado pelas pessoas com quem convive no filme (em especial uma paciente que sofre de leucemia e que será o centro da trama "social" do filme) assim como somos atravessados pelo filme. O percurso dos três amigos, Alexandre Rodrigues, Maria Flor e Caio Blat os conduz a dois caminhos inicialmennte paralelos que irão se atravessar no final do filme: um amor "proibido" que nasce entre a namorada de Alexandre e o médico e a busca pela salvação de um dos filhos da paciente de Caio, o que os leva a penetrar no universo incômodo de nossas periferias e seus esquemas de poder paralelos. Ambos os processo são dolorosos e complicados, talvez além das possibilidades que esses jovens possuem, ilhados numa cidade que abandonou o progresso modernista, projeto falido (não à toa o filme tem a visita de Maria Flor ao prédio do MEC, projeto de Niemeyer, Le Corbusier e outros arquitetos importantes dentro do movimento modernista e termina com as ruínas de um projeto de Niemeyer na Rio-Petrópolis). Ilhados então num mundo além de suas forças o que permite a eles seguirem seu caminho é o amor, assim como o cinema às vezes nos ajuda a seguir os nossos caminhos, se tiver amor à vida e ao própio cinema.
1 Comments:
o cinema brasileiro carrega aquele estereótipo - que são vários, aliás - de baixaria. depois de "o quatrilho" fez adição de um inegável crescimento cultural e técnico, mas perâmbulando entre o nordeste, a favela e a crise conjugal. até quando? quando ele escapa disso (quase) sempre alcança exito. o surrealismo de "o homem que copiava" é aprazível assisti-lo. o mesmo vale para "jorge, um brasileiro" e este do tempo opaco do cinema nacional. acho que esse último merece uma menção honrosa.
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